Conferências problematizam ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras

Discurso e Narrativa e Multirrede-discursiva

Na manhã desta quinta-feira (23) as professoras da Universidade de Brasília Ana Emília Fajardo Turbin e Yamilka Rabasa Fernández apresentaram respectivamente as conferências “Ensino de Inglês na perspectiva da proposta Multirrede-Discursiva: O estágio supervisionado de formação” e “Mobilizando um conto cubano em perspectiva multirrede-discursiva para a formação em espanhol”. As atividades aconteceram a convite da professora Silvânia Siebert, e fizeram parte da programação da disciplina “Multirrede-Discursiva” e dos trabalhos do Grupo de pesquisa “Discurso e Narrativa e Multirrede-Discursiva”.

Ana Emília argumentou que, a despeito do curso de metodologia ofertado na universidade, muitos dos licenciandos em Letras-Inglês no Brasil, ainda costumam ver-se perdidos na disciplina de Estágio. “Nesse contexto, eles reproduzem, na escola pública, aulas com deficiente coerência temática ou que, muitas vezes, apesar de focalizarem temas relevantes não conduzem o aluno à reflexão acerca dos conteúdos – implícitos ou não – do texto, apontar que temas culturais (ainda que apreciados pelos alunos, como músicas e filmes) são tratados como assuntos desconectados da realidade brasileira e de um processo histórico discursivo”, diz. Para a pesquisadora, é preciso indagar por que, em contato com a rede pública, os estagiários, rendem a um ensino gramaticalizado, sem que se considere o fato de a língua só ter sentido quando usada em práticas sociais. “Penso que a proposta multirrede-discursiva contribuiria para repensar estes problemas”, complementa.

Segundo Yamilka, a proposta da multirrede-discursiva aliada à literatura e leitura de contos cubados escritos por mulheres “permite mobilizar dimensões temáticas como gênero, raça, etnia, por exemplo, que costumam ser silenciadas, escamoteadas ou tratadas de forma superficial e sem conflitos, ou, inclusive, de forma preconceituosa no discurso pedagógico. Para ela “pensar outras formas possíveis de (se) representar a mulher é uma materialidade significante que possibilita o acesso à língua em seu real e a sentidos outros; e por fim permite uma formação crítica para a cidadania.”

Para Silvânia Siebert, que coordenou as atividades, as professoras trouxeram aos participantes, além de seus conhecimentos de área, a voz autoral, de pesquisadoras, que se voltam a entender como se dá o processo de ensino e aprendizagem na prática de sala de aula, e a repensar estes fazeres.

Ana Emília Frajardo Turbin, é graduada em Língua e Literatura Inglesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, graduada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Ela tem pós-doutorado pela Universidade Federal do Tocantins. Professora adjunta da Universidade de Brasília, tem ampla experiência nas áreas de lingüística aplicada, língua estrangeira(Inglês), discurso, formação de professor de LE, estágio supervisionado e materiais didáticos.

Yamilka Rabasa Fernández é doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília, e graduada em Letras pela Universidade de Havana. Atua como professora Adjunta do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET) da Universidade de Brasília (UnB) e como orientadora plena no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PGLA) da mesma instituição. Líder do Grupo de Pesquisa “A Proposta Multirrede-Discursiva (MR-D): componentes e lineamentos para a formação em línguas (materna e estrangeiras)”, ela tem experiência na área de Linguística Aplicada, com interesse nos seguintes temas: ensino-aprendizagem de espanhol no Brasil, formação de professores de espanhol em língua-discurso-cultura e narrativa breve feminina cubana.

PPGCL